
Então "o significado dos números de Lost foi finalmente revelado"... Não acredite em tudo o que você lê por aí! A grande verdade é que isso ainda não aconteceu, ao contrário do que afirmam sem base alguns sites por aí. Tanto não aconteceu que nenhum site respeitável estrangeiro disse o mesmo até o momento! O ligeiro aprofundamento no assunto dos números foi a grande notícia de Lost dos últimos dias, mas veremos que ele não é tão decisivo quanto querem fazer crer.
Os produtores e escritores já tinham declarado que o jogo online Lost Experience iria trazer mesmo algumas revelações importante à série-mãe, e que uma delas estaria ligada aos números. Pode ser que o assunto ainda vá mais além (e precisaria, como veremos), mas o que foi revelado no jogo por volta do dia 8 de setembro foi apenas mais uma utilização dos números dentro do universo de Lost, e nada mais que isso. Na newsletter oficial do jogo, está lá: "[O novo vídeo] gives an insight at what the Lost numbers mean".

Como você deve se lembrar, o jogo estava centrado há uns dois meses na descoberta dos códigos que apontavam para 75 fragmentos de um certo vídeo maior. Os jogadores, então, vinham juntando esses fragmentos e assim vinham descobrindo aos poucos a gravação feita clandestinamente por Rachel 'Persephone' Blake durante uma reunião da Hanso. Entre os dias 7 e 9 de setembro, o vídeo foi finalmente montado na íntegra e está aqui (passo também um link eMule para baixá-lo em MPEG por meio de um cliente eMule ou eDonkey).


O começo de sua narrativa já era conhecido, com toda aquela coisa de projeto conjunto entre as nações dando origem à Equação Valenzetti. Mas uma referência interessante pode ser auferida daqui. Só quem sabe da localização e da própria existência da ilha é Hanso, os DeGroots (o casal que elaborarou a Iniciativa Dharma) e altos funcionários ligados à Fundação Hanso. Ou seja, temos uma boa pista de que o falso Henry Gale e seus "Outros" sejam todos altos funcionários, já que eles sabem como sair de lá e mais um monte de detalhes. Não é certeza (o vídeo é de 1975 e a série é passada em 2004), mas a pista é interessante.


Esse sinal ad nauseam foi o tal captado pelo colega de manicômio de Hurley anos antes, tendo assim chegado ao conhecimento do gordinho, que jogou os números na loteria. Só que os números eram transmitidos numa freqüência ultra-secreta, o que (também como pista, apenas) indica que o interno em questão tenha sido um empregado da fundação ou que algo bem errado tenha acontecido para o sinal vazar. Mas lembre-se de que o cara enlouqueceu por conta de alguma coisa relacionada aos números, conforme foi relatado a Hurley.
Acabada a exibição do "vídeo dentro do vídeo", o Dr. Thomas Mittelwerk toma a palavra na reunião. Em tempo: já se questionou muito esse título de "doutor", durante o jogo.

Nesse momento, um homem presente na reunião questiona o fato de usarem cobaias humanas, com sincero desgosto, mas nem vemos seu rosto e não sabemos quem ele é. Quem sabe os jogadores de Lost Experience tenham um novo colaborador com conhecimento de causa, no futuro... A explicação de Mittelwerk para a questão levantada é a de que o fim (acabar com a fome, a pobreza e salvar o mundo usando a equação) é muito mais importante que aquele meio escuso.
Então, Rachel Blake dá uma vacilada em seu ponto de observação, reflete algo no rosto de Mittelwerk, o palestrante chama a segurança e a moça é perseguida, com a câmera ligada. Termina sua gravação.
Ficou claro para o leitor que os números não foram realmente explicados? Seja a resposta sim ou não, vamos aos pontos centrais.

Com a revelação de que os números são usados na equação, tudo bem, fica de certa forma explicada sua origem. Mas Valenzetti também os tirou de algum lugar, certo? E a gente ainda não sabe de onde... Essa, sim, seria uma explicação bem-vinda, e nem assim ela resolveria todos os outros mistérios (como o principal, proposto acima). Mas dizer que o significado "foi revelado" é simplista demais - pra não dizer apelativo e sensacionalista!
Duas outras questões importantes, agora mais relacionadas ao vídeo como um todo: a equação, prevista apenas como teoria (qualquer tentativa de pôr à prova destruiria o mundo se ela fosse verdadeira...), funciona mesmo e é garantida de não ter falhas que inviliabizariam toda a iniciativa? E, segundo já propus na análise do capítulo final, megalomania e salvamento do mundo andam de mãos dadas com a loucura. Será que a Fundação, a Iniciativa ou as atitudes desse pessoal não são todas frutos de pura insanidade? Tem de haver algum motivo para Rachel Blake querer tanto desmascarar a Fundação... Pode ser até que a louca seja ela!
Não gosto de elaborar teorias, só possíveis explicações parciais tendo por base as evidências. Sendo assim, vamos a um momento de clara especulação conseqüente: pode ser que Valenzetti tenha escolhido esses números por razões científicas complexas e desinteressantes para nós, apenas isso. Simplesmente vieram da lógica das coisas como ele as conduziu. A ocorrência dos mesmos números nas vidas de todo mundo ali e o fato de resultarem na soma de 108 poderiam ser um tipo de meta-referência. O que quero dizer é que um ou mais escritores de Lost pode ser adepto ou simpatizante do budismo (aparentemente, eles são mesmo), por exemplo, e tenha plantado esses números pela série simplesmente para "provar" que não existem acasos, criando ligações entre essas pessoas.

Eu mesmo vejo isso como possibilidade distante, mas ainda assim como uma possibilidade que não é disparatada.
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Agora, diretamente da Lostpedia, a transcrição completíssima do "vídeo dentro do vídeo". Vai em inglês, pra cada um tirar suas próprias traduções e conclusões. Aprecie sem moderação!

Alvar Hanso: I'm Alvar Hanso. If you are watching this film, you already know and have worked with Gerald and Karen DeGroot, founders and masterminds of the Dharma Initiative. By now, you also know there are many research goals for our joint venture. What you may not know is why we have assembled the Dharma Initiative; why we have assembled the greatest minds in the world and given them unlimited funds and access.
As with all you've already been told, you are bound by your honor and commitment to keep what you are about to hear a secret. In a few weeks, after your induction counseling and survival training, you and your colleagues will be shipped to a top secret facility. The precise location of the facility is known only to myself, the DeGroots, and the few high ranking members of my organization. Why all the security, all the secrecy? The answer is simple. The research is intended to do nothing less than save the world as we know it.In 1962, only thirteen years ago, the world came to the brink of nuclear war. The United States and the Soviet Union almost fulfilled the promise of mutual assured destruction - a promise they continue to foster through a destructive Cold War. After the Cuban Missile Crisis, both nations decided to find a solution. The result, was the Valenzetti Equation.
Commissioned under the highest secrecy, through the U.N. Security Council, the equation is the brainchild of the Italian mathematician Enzo Valenzetti. It predicts the exact number of years and months until humanity extinguishes itself. Whether through nuclear fire, chemical and biological warfare, conventional warfare, pandemic, over-population, his results are chilling, and attention must be paid.
Valenzetti gave numerical values to the core environmental and human factors in his equation: 4, 8, 15, 16, 23 and 42. Only by manipulating the environment, by finding scientific solutions to our problems, we will be able to change those core factors, and give humanity a chance to survive.
Although the equation has been buried by those who commissioned it, [muito ruído, sem imagem] panic. It has always been my belief that we ignore warnings at our own peril; and thus, the Dharma Initiative was born.DHARMA is an acronym for Department of Heuristics And Research on Material Applications. It also stands for the one true way. And through your research, you will help human[ity.] We have constructed several stations on the island, underground laboratories with the facilities you will need to do your research, with optimal expediency. All of the support you will need, including regular medicine and food drops, will be made in perpetuity. A radio transmitter has also been erected on the island, broadcasting in a frequency and encryption known only to us. The transmitter will only broadcast the core numerical values of the Valenzetti Equation.
When, through your research, you manage to change the numerical value of any one of these factors; when you have created through science the [áudio ruim], we will know that the one true way has been found. That is the work to which you have committed yourself. Change the core values of the Valenzetti Equation, and you will change the course of destiny. The fate of the human race is in your hands.
Thank you, and namaste.

So now, we have to take radical action, and I just want to tell all of you that I trust you to do what is best. The villages of Filan (?) and Vitul-Milani (?) have allowed us to test our vaccine on them.
They think they are infected with a virus carried by local macaques, and they believe we are bringing them the cure. So when you go in, you have to keep up the story. You know it by heart, don't waver.
When the deaths begin, you must comfort everyone with compassion and empathy, and the bodies of the dead must be brought to this station immediately for full genetic work. We must make absolute certain that we are hitting precise genetic targets we have engineered into the virus.
The optimal mortality rate is 30 percent. Our operatives at the Vik Institute have verified this figure - [if] more or less people succumb, we have failed. We need not take any more lives than is absolutely necessary. Yes?
Man in Audience: But Tom, these are people, innocent human beings, and we're just-

But I promise you. Someone is going to help... [Interrompe] Is something reflecting in the back? Somebody grab her!
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Como curiosidade para o fã da série, vai essa matéria publicada há uns dias na Folha online.
Santoro anima figurante brasileira da série Lost
(texto original)
Laura Mattos - Folha de S.Paulo

Figurante desde a primeira temporada, a brasileira está animada com a entrada de Rodrigo Santoro na terceira temporada, que estréia em 4 de outubro nos Estados Unidos.
Acredita que o ator possa fazer parte de um núcleo de sobreviventes do Brasil e que ela e outra figurante brasileira, Márcia Ardito, possam ter falas, o que aumenta o prestígio e o salário. Paulistana radicada no Havaí há mais de dez anos, ela é surfista e tem encontrado Santoro pegando onda. "Já conversamos. Ele até brincou comigo: "Você que é a famosa!" Falei com ele a respeito dessa possibilidade de os produtores criarem um núcleo que fale português. Mas ele também não sabe bem o que acontecerá. A produção não revela muita coisa."
Santoro será um dos sobreviventes do acidente aéreo e já gravou suas primeiras cenas na praia. Mariano acredita que ele entrará no ar já na estréia da temporada, e não na segunda leva de capítulos, que será exibida só em fevereiro de 2007, nos EUA (no Brasil, há um atraso médio de seis meses para o AXN e de um ano na Globo).
A assessoria do ator não confirma a data de sua estréia, mas informa que as primeiras falas foram em inglês. Isso não desanima Mariano, que não duvida que ele possa se revelar brasileiro ao longo dos episódios. "Nessa história, tudo pode acontecer. Se eles chamaram Santoro, é porque têm interesse em atrair a audiência brasileira. O vôo é internacional e há pessoas que falam coreano. Por que não brasileiros?", sonha.
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Mas é bom ressaltar isso assim mesmo, pelo fato de que a maioria está preocupada mesmo é com o mistério geral da série, e não necessariamente com o andar da carruagem, o caminho que ela faz, os tropeços, as dicas que nem se sabe que são dicas. É provável, então, que esse andar só vá ser devidamente percebido no final.
Alguns exemplos mais gritantes da importância desse caminho podem ser apontados, se prestarmos mais atenção a algumas falas que passaram despercebidas e a alguns incidentes a que não demos valor antes. Os mais sutis, claro, eu também não tenho como perceber ainda, como todo mundo. Podemos até tentar procurar alguma outra coisa numa cena, numa fala e tal, com a consciência do que estamos fazendo. Mas nunca se sabe exatamente o que procurar...
Um desses exemplos eu posso ter mencionado num Lostícias anterior: você ainda vai dar mais atenção ao Vincent! Quem sabe há outras que andam passando meio batidas pro público em geral (não pros fanáticos doidos que sabem o nome do iluminador de cada episódio):

- Os porquês de muitas contradições aparentes entre o comportamento na ilha e aquele nos flashbacks, como o fato de Locke ser um cara tão fechado e, ao mesmo tempo, tentar conquistar seu pai com um rim; ou Sayid ser um camarada tão amável, mas também um torturador. Kate é uma "criminosa boazinha", Claire não queria ser mãe, mas muda radicalmente de idéia; Sawyer é um vagabundo golpista que adora literatura; Jin não podia engravidar Sun, mas acredita que o filho é dele assim mesmo e por aí vai.

- Ninguém enlouquece de vontade de voltar pra casa, a não ser o Bernard, que acaba também achando razão para querer ficar na ilha. E também ninguém enlouquece com o fato de já ter havido gente por ali tempo suficiente para montar a estrutura toda das escotilhas, explorar militarmente (ou de modo similar) a região, continuar enviando carregamento de comida (para quem seria, se as escotilhas estão desocupadas?) ou pela simples falta de sentido das ilusões e acontecimentos bizarros da ilha. Eu, no lugar deles, já teria pirado e escrito um tratado filosófico absolutamente inútil a respeito de tudo o que tem de esquisito por ali e o sentido da vida.
Existe ainda aquela coisa de muita gente ter sido presa ou afastada da sociedade em algum momento, como eu mencionei na coluna anterior. Também temos as implicações com filósofos, possíveis ocorrências muito disfarçadas dos números (aliás, quais serão pertinentes e quais não serão) e demais estranhezas. Sem falar em "Não me diga o que eu não posso fazer!", mas vou deixar essa pra depois.
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Vai haver uma nova transmissão ao vivo com o DJ Dan no dia
Antes mesmo que o vídeo "Hanso Exposed" (acima) fosse totalmente montado pelos jogadores, uma nova fase do jogo já começava sem que a maioria percebesse. No primeiro "live podcast" do DJ Dan, um ouvinte ligou e se identificou como Malik, alguém que os fanáticos lá de fora reconheceram. Pois a nova fase do jogo começou justamente na mensagem que Malik deixou para Rachel naquele dia. A obsessão agora é descobrir e decifrar as mensagens altamente embaralhadas que Rachel e Malik vêm trocando entre eles, por meio de fóruns e sites.

Já se descobriu, por exemplo, que, no fim do vídeo, quando Rachel é perseguida dentro das instalações da Hanso, ela acabou sendo salva por um amigo de Malik, chamado de Zylva (como se fosse "da Silva"). Ele entrou armado, conseguiu que Rachel enviasse o vídeo lá de dentro mesmo, instruiu Blake sobre uma outra pessoa que poderia ajudá-la a sair do Sri Lanka e indicou uma rota de fuga para a moça, enquanto ele faria cobertura. Segundo disse Rachel recentemente, de Zylva nunca mais foi visto e ela acredita que ele tenha morrido pelas mãos de Mittelwerk.

Rachel Blake revela então que está atualmente em Nova Iorque, Malik combinou de encontrá-la (tudo em códigos que só eles conhecem), e o jogo vai seguir a partir daí.