segunda-feira, setembro 25, 2006

Lostícias 6

A transmissão ao vivo do programa do DJ Dan no último domingo levou o jogo Lost Experience oficialmente a um final. Não foi dos melhores, como a maioria dos sites de fora atestam, mas os objetivos de entreter os fãs da série no intervalo de temporada de Lost e de ainda ajudar na construção da mitologia foram alcançados com sucesso. Vale uma nota 9 para o marketing da ABC.

Esta coluna Lostícias inteira trata do fechamento do jogo, partindo do último ponto conhecido.

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This picture is hosted by ImageShackNa semana passada, Rachel 'Persephone' Blake estava em Nova Iorque e ia se encontrar com "Malik", nome fictício de um aliado contra a Hanso. Não tivemos mais notícias a respeito disso.

Mas, no meio tempo, um conhecido dela de nome William Kilpatrick entrou em contato com a moça por um messenger na internet. Só que não era ele de verdade do outro lado. O interlocutor misterioso que se passava por Kilpatrick dizia que Rachel fez algumas coisas "muito ruins" em suas investigações contra a Hanso, perturbou muita gente e que ele sabia onde ela estava morando em Nova Iorque.

Tudo indica que Kilpatrick era o mesmo "Malik" e que tenha sido abduzido por esses representantes da fundação. A pessoa misteriosa diz a Rachel que seu amigo agora estava fazendo "um bem muito maior para a humanidade" - uma sugestão, a nosso ver, de que ele possa estar sendo usado de cobaia ou, pior, como "doador involuntário" de órgãos.

Ocorre então um breve vazio de notícias entre o dia dessa conversa (Rachel provavelmente sumiu de seu apartamento) e o último domingo, com a transmissão ao vivo do DJ Dan.

This picture is hosted by ImageShackChegamos ao domingo. Durante o programa, conforme era esperado, Rachel ligou. Enquanto batia papo sobre táticas de espionagem com o apresentador, um ouvinte liga em outra linha, diz que Dan precisa ouvir uma coisa e põe seu telefone no alto-falante da TV. O noticiário informa ao vivo que houve uma invasão das autoridades à sede da Hanso. Thomas Mittelwerk, atual cabeça da fundação, não foi capturado e estaria desaparecido.

Óbvio que, no mesmo segundo, Dan pergunta para Rachel o que ela teria a ver com o incidente. E ela, aparentemente, é a responsável pela coisa. Dá pra concluir que, antes de desaparecer, Kilpatrick-Malik provavelmente conseguiu cumprir o que prometera: pôr Rachel em contato com Hanso, depois de todo esse tempo de busca!

Ainda ao vivo na outra linha, ela direciona os ouvintes a um novo vídeo (sediado na própria ABC), que traz uma mistura do vídeo Sri Lanka (o anterior, aquele gravado secretamente pela moça na reunião da Hanso presidida por Mittelwerk) com imagens novas.

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O novo trecho, já editado, pode ser visto e lido em inglês aqui.

This picture is hosted by ImageShackEle começa com a moça entrando numa casa luxuosa com a câmera ligada sem que o mordomo perceba. Caracteres na tela indicam que Rachel está na Noruega. Logo em seguida, vemos que seu anfitrião é o próprio Alvar Hanso do vídeo Sri Lanka (o 'Sr. Barbudinho'), alguns anos mais velho. Ainda não sei o que pensar a respeito da identidade real desse camarada, mas pelo menos dá pra garantir que é o mesmo sujeito.

Ele a recebe com cordialidade. Depois de algumas palavras meio tensas entre os dois, Hanso parte logo pro que interessa: "Você trouxe um dispositivo de gravação. Posso ouvi-lo na sua mochila. Acredito que você tenha vindo atrás de uma verdade, uma 'confissão' gravada de minha parte. Talvez então eu deva dar a você essa verdade".

This picture is hosted by ImageShackRachel então admite seu disfarce, pega a câmera e Hanso começa destruindo: "Esses homens que você conheceu trabalham para a fundação, mas não trabalham para mim. Eles me mantêm por perto, mas sou probido de ter contato com pessoas importantes. Sou um prisioneiro."

Rachel o acusa de tentar se esquivar. "Não, eu sou realmente culpado. Tenho culpa por ter ajudado Thomas Werner Mittelwerk, por tê-lo 'cultivado' para ser meu sucessor. Culpado por ter dado a ele todos os meios para fazer todas as coisas horríveis que tem feito. Eles não podem me matar, mas me mantêm aprisionado enquanto matam milhões..."

O vídeo então sofre uma interrupção. Sai de foco, Hanso olha para o lado, há um barulho que parece vir de fora. Mas Hanso continua em seguida: "Ele é o verdadeiro culpado por todas essas coisas que você expôs pro mundo. Mas o pior é que foi tudo feito em meu nome... e no seu!"

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A grande revelação do jogo vem em seguida: "Essa é a razão pela qual você veio aqui, e pela qual vem investigando a fundação. Você queria saber mais a respeito dessa entidade beneficente que financiou toda a sua formação. Você sempre se perguntou como sua mãe solteira conseguiu pagar seus estudos e a vida privilegiada que sempre teve. Você se saiu uma jovem linda e inteligente, e conseguiu rastrear a origem desse dinheiro. Mesmo com tudo de ruim que descobriu a respeito da fundação durante esse processo, você continuou porque sabia que as pistas estavam te levando ao seu pai."

Rachel pode ser ouvida chorando, o que de certa forma confirma sua real motivação. "Agora, eu preciso da sua ajuda, mesmo que eu não mereça. Eu acho que não deixarei essa casa vivo. É uma questão de tempo até que os guardas lá fora percebam quem você é. Então, pegue essa confissão e leve-a à imprensa, às autoridades, a qualquer um que possa ouvir. Faça um escândalo com isso, Rachel! Você é a única que pode derrubar Mittelwerk e me libertar. Vá agora e acabe com isso tudo de uma vez!"

Ela então murmura "Adeus... pai" e desliga a câmera.

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Pois é, isso lembra bastante o encontro de Neo com o Arquiteto em Matrix e da célebre linha "Luke, I am you 'fathar'", de Star Wars.

Ainda que o fim tenha sido um pouco decepcionante em termos de impacto na série, ele representou muito no jogo (esse resultado era meio que esperado por muita gente - não por mim), mas ainda pode ter conseqüências fantásticas no futuro de Lost na TV.

Vamos considerar alguns pontos:

This picture is hosted by ImageShack- Na série, Penelope Widmore encontrou pistas sobre a fonte de emissão eletromagnética na ilha, em busca de Desmond. Só que aquilo, segundo os critérios da série, ocorre por volta do fim de novembro de 2004 (mais de "48 days" depois da queda do avião, ocorrida em 22 de setembro daquele ano);

- Essa descoberta é mostrada no encerramento da segunda temporada, na primeira imagem do mundo fora da ilha revelada para nós até agora. Isso indica que podemos ter novas imagens do mundo real daqui pra frente;

- Widmore é a prova de que não apenas Rachel procura a verdade, mas de que já há ou houve gente poderosa ("com vontade e dinheiro", lembre-se) tentando entender o que se passa;

- Persephone é uma hacker e provavelmente vai se aprofundar mais do que nunca nos assuntos da Hanso no tempo presente (agora, fim de 2006). Ela inclusive já começou isso, ao expôr o depoimento (falso ou verdadeiro) de Alvar Hanso (falso ou verdadeiro) e causar a intervenção na fundação - pelo menos ao que se acredita hoje;

- Importantíssimo lembrar que, se Widmore não pôde encontrar a ilha na época em que os caras da neve ligaram pra ela (se a ilha é indetectável pela visão e tem acesso quase impossível por outras formas), há chances de que não a tenha encontrado até hoje. Mas não sabemos o que houve desde 2004 até agora, envolvendo a ex-esposa de Desmond - o que ela descobriu, o que teria sido feito para abafá-la, quem mais ela teria envolvido na busca durante esses dois anos.

- Concluindo: se Persephone conseguir entrar em contato com Penelope (nota a relação?), uma quantidade incrível de coisas pode ser especulada. Por exemplo: os sobreviventes podem estar na ilha até hoje, podem já ter morrido em experiências, podem vir a ser salvos pela obstinação de Persephone no tempo presente, os resultados loucos das atividades da Hanso com relação à ilha serão revelados ao mundo, a própria equação Valenzetti pode ser revelada (e desmascarada ou confirmada), etc, etc.

Ou seja, agora não é absurdo algum esperar que Persephone venha até a aparecer na TV, em algum acontecimento (quem sabe?) lá no fim da série. Talvez o próprio Alvar Hanso possa dar as caras, se ele não morreu na seqüência dos acontecimentos do vídeo.

E uma outra coisa me deixou bastante curioso: quem seria a mãe de Rachel Blake? Provavelmente, é alguém de quem a gente vai ouvir falar em breve... ou que até já conheceu.

Transamerica

This picture is hosted by ImageShackFinalmente pude assistir a Transamerica no cinema. O filme demorou um bocado para chegar às salas de BH, mesmo tendo rendido a Felicity Huffman um Golden Globe, um Independent Spirit, o prêmio principal de Tribeca e mais uma estante de outros, além de dúzias de indicações como melhor atriz, inclusive ao Oscar. De 2005, é bom dizer!

Huffman é certamente mais conhecida por seu atual papel na popularíssima série Desperate Housewives, como a working mom Lynette Scavo. Desde os primeiros capítulos da série, ela já se mostrava de longe a melhor atriz em cena, o que se comprovou ao longo das duas temporadas até o momento, em cenas como a sutil crise de ciúme de uma brincadeira entre seu marido e a fogosa Gaby, o ataque histérico provocado por seus filhos, a descoberta do caso de sua chefe ou a já famosa dança no balcão do bar, entre outras.

A interpretação da atriz para o transexual Sabrina 'Bree' Osbourne em Transamerica é o que rende ao filme uma classificação como "mediano, porém memorável". Parece algo contraditório, sem dúvida, mas, enquanto o filme como um todo não chega a ser assim tão entusiasmante, a atuação de Huffman é algo nada menos que indescritível. Isso não parte de alguma apelação fácil ou história lacrimosa.This picture is hosted by ImageShack Ao contrário, a trama tem uma levada simples (nem sempre de temática muito fácil), e a maior parte dos méritos vem exatamente de certa contenção que a atriz confere a Bree, uma personagem difícil que seria "arrastada" de forma miserável por centenas de outras atrizes mais conhecidas e menos capacitadas. O que comove é a perfeição com que Felicity Huffman executa seu trabalho no papel de uma vida, numa daquelas atuações que sempre esperamos e dificilmente constatamos em qualquer área profissional. Estamos frente a um daqueles raros casos em que nem se deve discutir o Oscar a que ela concorria. Tanto faz. Quem assiste ao filme sabe a quê nós nos referimos.

Muita gente poderia considerar Transamerica um grande filme por conta disso, mas recairia numa confusão entre o filme em si e sua protagonista. Confusão justificável, claro, já que Bree praticamente é o filme. Mas a história - pouca, simples e eficaz no que pretende - não é lá das mais geniais ou originais. Nunca chega a ser notavelmente bem-escrita ou tão importante quanto aqueles que a vivenciam, num típico caso de filme-veículo em que Huffman é quem confere vida, coesão e credibilidade àquela sucessão banal, em forma de dignidade e de uma autenticidade extraordinária, o completo oposto de uma caricatura.

This picture is hosted by ImageShackOutros personagens, em especial o do rapazinho Kevin Zegers (escreva: esse nome ainda vai aparecer um bocado!), servem muito bem ao propósito de deixar Bree conduzir a dança. Também as locações e a direção aparecem com serenidade, sem sobressair ou comprometer. Já o figurino e a maquiagem certamente dão uma força imensa na composição de Bree como alguém muito natural e confortável com sua identidade, a não ser pelo forte incômodo anatômico que norteia sua história e que o leitor, sem esforço, imagina qual seja. Bree já providenciou solução para esse seu incômodo, mas não contava com alguns detalhes imprevistos que a vida teimou em trazer.

Quem põe a mesa é o também genial ator William H. Macy, desta vez fora de cena e "apenas" um produtor-executivo que sabia exatamente o que exigir do pessoal envolvido. "A primeira impressão que temos de Bree é chocante, porque ela é muito estranha e repulsiva", diz Macy. "No fim do filme, ainda que a maquiagem seja a mesma, você passou a adorar aquela mulher".

Ele e Felicity Huffman se conhecem há mais de duas décadas, casaram-se em 1997 e já têm duas filhas. Mas ainda aparecem em público com manifestações sinceras de carinho e formam um dos casais mais simpáticos e competentes do showbiz, daqueles que não precisam de beleza aviltante, badalação em festinha ou publicidade duvidosa em tablóides. Ambos salvam a delicada história de Bree de um destino fraco, e assim comprovam que saber do seu ofício é muito mais do que apenas pôr carinha bonitinha na tela.

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sexta-feira, setembro 22, 2006

Famoso Quem??
::Rena Sofer

Logo dos desconhecidos is hosted by ImageShack

This picture is hosted by ImageShackLinda, dona de um dos rostos mais inacreditáveis entre os semi-desconhecidos da TV, Rena Sofer (perfil IMDB) acabou ganhando uma fama bem distante da que sua beleza poderia sugerir. A moça é "a enterradora". Isso porque houve uma época em que ela conseguiu emplacar papéis fixos ou recorrentes em diversas séries ao mesmo tempo, mas todas simplesmente acabaram poucos episódios depois. Entre 1999 e 2005, a bela esteve nos capítulos finais de Just Shoot Me e Melrose Place, durou menos de uma temporada nas fracassadas Cursed (The Weber Show), Blind Justice e Coupling US e ainda conseguiu aparecer (digamos assim) em uma dezena de pilotos que nem chegaram a ser aprovados ou que só foram ao ar uma vez para em seguida desaparecerem de vista. A exceção fica por conta de Ed, que ainda durou um bom tempo depois de sua saída.

This picture is hosted by ImageShackEsse verdadeiro fenômeno cercando a moça não parece ter uma razão de ser específica para ela. Sofer não é uma atriz ruim, como tantas que estão efetivamente na TV (aliás, ela já tem na estante um Daytime Emmy de 1995, como melhor atriz coadjuvante por General Hospital), suas participações sempre foram discretas o suficiente para não causar dano e sua presença em cena é bastante agradável (considerando também a marmanjice de quem vos fala). É provável que a coisa se deva mesmo apenas a uma infeliz sucessão de coincidências e notícias ruins. Afinal, por outro lado, passagens efêmeras por um bocado de outras séries foram mais tranqüilas, como em Friends, Spin City, Seinfeld, Ellen e CSI: Miami - muitas das quais foram ao ar no mesmo período da quebradeira acima.

This picture is hosted by ImageShackDesde o afundamento de Blind Justice (que, salvo engano, chegou a ser exibida no Brasil pela Fox), Sofer está meio sumida da TV e mesmo das eventuais participações no cinema (Keeping The Faith, Traffic). Se fosse para dar um palpite, diríamos que a moça deve estar sofrendo de estafa associada a uma séria desilusão profissional. Ou talvez esse período de desgaste ainda esteja em processo: uma nova série chamada Mr. Nice Guy estava para estrear no último dia 1º de setembro, trazendo a nossa amiga em um distante papel secundário. Não há muitas informações a respeito, mas consta que o piloto ficou tão fraco que os executivos suspenderam tudo. É bom que essa morena maravilhosa aí ao lado tenha algum plano B pra... Parem as máquinas!!* A nova temporada de 24, entupida de novos personagens, aparentemente terá a moça um papel secundário importante! Fico na torcida!

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* Legal poder dizer isso, nem que seja num blog! Mas eu espero que a máquina não pare, senão não tem post, hehe...

quinta-feira, setembro 21, 2006

United 93

This picture is hosted by ImageShackUnited 93 (ou Vôo 93, no Brasil) não é exatamente um exemplo de pico da Sétima Arte. E isso não faz muita diferença. Pra quem não identificou o título, trata-se do recente filme de Paul Greengrass que narra os últimos momentos dos passageiros seqüestrados no avião da United Airlines derrubado na Pensilvânia, em meio aos acontecimentos de 11 de setembro de 2001.

Se não tratasse de algo que aconteceu, e não faz muito tempo, United 93 poderia passar despercebido por várias razões. Afinal, o que torna sua narrativa talvez meio chata para o grande público é exatamente o que lhe confere tremenda força frente aos que chegam ao cinema já avisados: a não-ficção. O apelo comercial é, portanto, bastante baixo, mas o documental pode bem ser outra história. O espectador talvez chegue querendo assistir a uma narração dramatizada - em Hollywood, fica sempre implícita a eterna romantização -, mas vai encarar mesmo uma descrição quase crua.

This picture is hosted by ImageShackAté certo ponto, o filme é aparentemente fidelíssimo à realidade. Imagine um documentário sem entrevistas, tão realista quanto só a realidade pode ser, como se apenas ligássemos uma câmera e deixássemos a vida fluir em vários cantos, sem exageros, frases feitas, entrevistas ou narradores. A edição posterior se encarrega apenas de juntar o que é pertinente, como de costume. Direção e roteiro se sobrepõem com tal força que fica fácil perceber que o roteirista é a mesma pessoa do diretor Greengrass. Se não fosse o caso, ele ainda poderia ser considerado no mínimo um co-escritor, pela condução do seu trabalho como uma espécie de "dono da verdade" sem a carga dramática da expressão. Mas também quem disse que aquilo ali não foi "a verdade"??

A história não dá margem a muitas interpretações, a leituras diferentes ou mesmo à superveniência do trabalho de atores. Aliás, nenhum deles se destaca. Há um exercício espartano de busca de autenticidade, de tal maneira que todos são desconhecidos e algumas das pessoas em cena nem mesmo são atores. Muita gente ali trabalha mesmo naquelas funções que a gente vê na tela, como o piloto do avião que é piloto de verdade e um dos seqüestradores que tem experiência militar real no Iraque. De resto, o público enxerga atores a respeito dos quais não tem conceitos prévios, e o fato de esses atores serem desconhecidos auxilia ainda na identificação com o homem comum que estava naquele avião. Ponto para o diretor, muito consciente de todo esse aspecto.

Outro grande acerto está em contextualizar o avião da United no caos daquele dia sem nunca desviar totalmente a atenção para, digamos, o apelo óbvio do desabamento das torres em Nova Iorque. Seria um desvio fácil e desnecessário a um acontecimento que, tamanha sua magnitude, tanta gente ainda considera "coisa de cinema" por si. Essa visão intencionalmente obsessiva com relação ao destino do avião é percebida pelo espectador com clareza. Não é difícil, por exemplo, acreditar no desespero dos controladores de vôo, quem sabe até maior na realidade do que na fotografia. As tomadas de decisões, as reações de cada grupo (exército, população, governo, pilotos do United 93), a sucessão dos acontecimentos um a um e interligados, o conteúdo das ligações, tudo nos envolve no acidente sem muita romantização, sem frescura, sem alívio cômico ou trama paralela. E se mostra compreensível no final, o que não deve ter sido tarefa das mais banais.

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A grande ressalva que vem sendo levantada sobre o filme é a de que não há registros oficiais depois de certo ponto daquela linha do tempo que Greengrass procura seguir, apenas "especulação oficial". Ou seja, essa realidade que se tenta transmitir não seria assim tão real quanto o diretor-roteirista nos quer fazer crer. É claro que, nesse momento, acontecerá um pouco de romantização. Trata-se apenas da recriação controlada, e com evidências de realismo (ligações dos passageiros às pessoas em terra), daquilo que foi fato de alguma forma, mas que ninguém sabe ao certo como foi ou em que medida. Quem pode dizer que sim e quem pode dizer que não?

É essencial ressaltar que Greengrass, acertadamente, preferiu filmar a "especulação oficial" (tenha-a como verdadeira ou não) a inventar demais naquilo que não precisava de invenção. O que muita gente considerou uma falha é algo que deveria mesmo ser visto com muita cautela desde o princípio; Greengrass, de certa forma, responde a essas críticas ao perguntar em sua direção: "Se não assim, então eu filmaria como??" Fez uma escolha, e nela não houve covardia alguma. Afinal, o diretor poderia escancarar o desfecho a especulações e pitacos, e caminhar até para abduções alienígenas no fim, por que não? Na falta de quaisquer provas, seria uma "solução" especulativa com tanto peso quanto outras, mas certamente destruiria qualquer mérito conquistado na parte factual. Quid pro quo, o sacrifício da criatividade (altamente discutível já de princípio) pela credibilidade quanto ao que se sabe.

Com as histórias não-oficiais ficando cada vez mais fortes nos meios jornalísticos, políticos e em meio à opinião pública americana, o diretor fez muito bem, nesse caso, em se ater a tantos fatos documentados quanto possível. Se alguns são manipulados ou não, isso não interessa ao filme, porque ainda não os conhecemos na própria realidade. Interessa a nós que sejam revelados no futuro, se algo houver a ser revelado.This picture is hosted by ImageShack Considerando apenas essa parte oficial, e frente à opção de criar uma caricatura desbandeirada à la Oliver Stone, o diretor optou pela segurança e pelo respeito ao assunto delicado, incluindo ainda no fim do filme um letreiro com outras informações tidas como oficiais. Deixa a impressão de quem assina embaixo e, ao mesmo tempo, se esquiva de eventuais acusações infundadas (até o momento); "Não sou eu que estou dizendo, a História afirma que foi assim", e produz um verdadeiro documento.

Nesse filme, a maior parte da nossa visão crítica e dos nossos critérios de qualidade deve se voltar ao profissionalismo e à forma de condução. "Gostar" ou "não gostar" simplesmente não convêm ao objeto do filme. No fundo, é mesmo um documento, não há do que se "gostar". Ninguém "gostou" daquele 11 de Setembro, e ele aconteceu de fato.

Momento Google

O "Momento Google" já é uma espécie de tradição entre blogs. Há o lado mais "honesto", com o pessoal que quer destacar as palavras que mais vêm dando hits - nem sempre intencionais - ao seu site, como curiosidade, como uma pista extra ou talvez como uma simples ajudazinha ao zeitgeist. E tem a outra modalidade: enfiar num post uma seqüência de palavras "da moda" pra aumentar artificialmente suas chances nesse oráculo moderno chamado Google. Fico com o primeiro caso.

Vou então chamar a atenção para duas buscas muitos comuns por aqui.

This picture is hosted by ImageShackÉ impressionante a quantidade de gente que chega procurando "equação de Valenzetti" ("equação Valenzetti", "Valenzetti equation" e semelhantes), um atual ponto importante da mitologia de Lost. Para você que está nessa busca, dê uma olhada principalmente no quadro aí ao lado, onde estão os links para as Lostícias. Adianto que a equação ainda não foi divulgada, não há muitos detalhes a seu respeito e mal se sabe quem foi Enzo Valenzetti, mas já existem umas informações legais e concretas: com que propósito foi elaborada, o que ela significa e um pouco de sua relação com o mote geral da série e com aqueles números malditos.

This picture is hosted by ImageShackOutra busca que chama a atenção é com referência a "Gray's Anatomy" (sic) e a nova temporada no Brasil. Já começo dizendo que não existe essa série: o nome seria Grey's Anatomy. Procure errado e você vai encontrar errado... Os hits acabam chegando aqui por conta do livro (que é com A), sobre o qual falei num post há pouco tempo. Sobre a informação que você busca, não tenho certeza, mas o canal Sony reestréia sua programação a partir de novembro. Como Grey's recomeça nos EUA agora no meio de setembro, imagino que você poderá vê-la no Brasil mais pro fim de novembro. Mas não se preocupe com o dia exato. Quando estiver na época, certamente o canal vai entupir a programação de chamadas para as novas temporadas até que a gente não agüente mais.

segunda-feira, setembro 18, 2006

Lostícias 5

This picture is hosted by ImageShackOoooohh!

Então "o significado dos números de Lost foi finalmente revelado"... Não acredite em tudo o que você lê por aí! A grande verdade é que isso ainda não aconteceu, ao contrário do que afirmam sem base alguns sites por aí. Tanto não aconteceu que nenhum site respeitável estrangeiro disse o mesmo até o momento! O ligeiro aprofundamento no assunto dos números foi a grande notícia de Lost dos últimos dias, mas veremos que ele não é tão decisivo quanto querem fazer crer.

Os produtores e escritores já tinham declarado que o jogo online Lost Experience iria trazer mesmo algumas revelações importante à série-mãe, e que uma delas estaria ligada aos números. Pode ser que o assunto ainda vá mais além (e precisaria, como veremos), mas o que foi revelado no jogo por volta do dia 8 de setembro foi apenas mais uma utilização dos números dentro do universo de Lost, e nada mais que isso. Na newsletter oficial do jogo, está lá: "[O novo vídeo] gives an insight at what the Lost numbers mean".

This picture is hosted by ImageShackSimplesmente não há a revelação bombástica que muita gente quis espalhar por aí. Vamos a um resumo da situação, pra você comprovar isso por sua própria conta.

Como você deve se lembrar, o jogo estava centrado há uns dois meses na descoberta dos códigos que apontavam para 75 fragmentos de um certo vídeo maior. Os jogadores, então, vinham juntando esses fragmentos e assim vinham descobrindo aos poucos a gravação feita clandestinamente por Rachel 'Persephone' Blake durante uma reunião da Hanso. Entre os dias 7 e 9 de setembro, o vídeo foi finalmente montado na íntegra e está aqui (passo também um link eMule para baixá-lo em MPEG por meio de um cliente eMule ou eDonkey).

This picture is hosted by ImageShackO narrador, antes chamado pelo pessoal de 'Mr. Beardy', apresenta-se como Alvar Hanso. Suspeite disso por três razões principais: ninguém nunca o viu em público e, portanto, ninguém poderia provar sua identidade; a idade estimada para Hanso em 1975 (quando o vídeo foi feito) não se reflete na aparência do apresentador; e o barbudo apresentador não guarda qualquer semelhança com a única imagem conhecida de Hanso - que é mesmo péssima e apenas sugere um perfil vago, mas ainda assim nem mesmo lembra o do sujeito no vídeo.This picture is hosted by ImageShack É bom lembrar, por outro lado, que uma das outras iniciativas da Fundação Hanso envolvia justamente longevidade. O ator que faz o papel no vídeo é Ian Patrick Williams (leia sobre ele no IMDB). Assim como François Chau (o Dr. Marvin Candle/Mark Wickmund), Williams também já esteve em Alias, outra produção de J.J. Abrams.

O começo de sua narrativa já era conhecido, com toda aquela coisa de projeto conjunto entre as nações dando origem à Equação Valenzetti. Mas uma referência interessante pode ser auferida daqui. Só quem sabe da localização e da própria existência da ilha é Hanso, os DeGroots (o casal que elaborarou a Iniciativa Dharma) e altos funcionários ligados à Fundação Hanso. Ou seja, temos uma boa pista de que o falso Henry Gale e seus "Outros" sejam todos altos funcionários, já que eles sabem como sair de lá e mais um monte de detalhes. Não é certeza (o vídeo é de 1975 e a série é passada em 2004), mas a pista é interessante.

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Depois dessa introdução, Hanso então explica que Enzo Valenzetti embasou sua equação em seis dezenas centrais que controlam seu funcionamento. São justamente 4, 8, 15, 16, 23 e 42. Eventuais alterações nesses valores dentro da equação mudariam o destino da humanidade, segundo concluiu Valenzetti. Mas os números de Valenzetti foram tirados de suas experimentações e de uma observação científica do mundo e dos seres humanos em conjunto. Sendo assim, seriam necessárias providências muito grandes para que qualquer modificação nesse sentido pudesse acontecer.

This picture is hosted by ImageShackPois bem, a Iniciativa Dharma foi criada para descobrir como efetuar essas modificações. A missão de quem quer que fosse que estivesse assistindo ao vídeo em 1975 (e/ou na reunião de Sri Lanka, não se sabe) era pesquisar muito, coletar dados e assim descobrir meios de alterar pelo menos um dos números. Aí entra outro detalhe bacana: Hanso menciona que a ilha tem uma torre que transmite eternamente a seqüência numérica. Se algo de concreto fosse descoberto pelo pessoal Dharma na ilha, eles deveriam modificar o sinal da antena, de forma que os laboratórios em outra(s) parte(s) do mundo soubessem daquilo imediatamente.

Esse sinal ad nauseam foi o tal captado pelo colega de manicômio de Hurley anos antes, tendo assim chegado ao conhecimento do gordinho, que jogou os números na loteria. Só que os números eram transmitidos numa freqüência ultra-secreta, o que (também como pista, apenas) indica que o interno em questão tenha sido um empregado da fundação ou que algo bem errado tenha acontecido para o sinal vazar. Mas lembre-se de que o cara enlouqueceu por conta de alguma coisa relacionada aos números, conforme foi relatado a Hurley.

Acabada a exibição do "vídeo dentro do vídeo", o Dr. Thomas Mittelwerk toma a palavra na reunião. Em tempo: já se questionou muito esse título de "doutor", durante o jogo.

This picture is hosted by ImageShackSegundo ele afirma, "todos já sabemos que a Iniciativa Dharma falhou em seu propósito". Temos então a primeira evidência mais clara de quebra de ética nas atividades recentes da Fundação: pessoas dos vilarejos de Phalaam (?) e Vitul-Allame (?), sabe-se lá em que lugar do mundo, foram levadas a acreditar que estão infectadas por um vírus símio e permitiram que cientistas da Hanso fossem lá para inocular uma "cura". Mas Mittelwerk diz claramente: "Reforcem essa história, vocês já a têm de cor". E completa falando das mortes que acontecerão durante essa operação, esperadas em certa taxa já prevista, como num grupo de cobaias.

Nesse momento, um homem presente na reunião questiona o fato de usarem cobaias humanas, com sincero desgosto, mas nem vemos seu rosto e não sabemos quem ele é. Quem sabe os jogadores de Lost Experience tenham um novo colaborador com conhecimento de causa, no futuro... A explicação de Mittelwerk para a questão levantada é a de que o fim (acabar com a fome, a pobreza e salvar o mundo usando a equação) é muito mais importante que aquele meio escuso.

Então, Rachel Blake dá uma vacilada em seu ponto de observação, reflete algo no rosto de Mittelwerk, o palestrante chama a segurança e a moça é perseguida, com a câmera ligada. Termina sua gravação.

Ficou claro para o leitor que os números não foram realmente explicados? Seja a resposta sim ou não, vamos aos pontos centrais.

This picture is hosted by ImageShackAinda não temos idéia, por exemplo, de qual é a natureza da relação entre três fatos até agora desconexos: a soma dos números ser 108, o fato de 108 ser um número auspicioso para o hinduísmo e a ocorrência de demais referências hindus, como "dharma" e "namaste", nas atividades da Hanso. Também não se sabe por quê o reloginho conta até 108 e não qualquer outro número - em especial, um múltiplo de 10 ou horas cheias - e qual grau de "coincidência" teria isso com a soma dos números de Valenzetti. Como elemento mais misterioso e prova definitiva do nosso desconhecimento, ainda resta a questão mais estranha de todas: por que esses números aparecem espontaneamente na vida de todos os personagens antes do acidente?

Com a revelação de que os números são usados na equação, tudo bem, fica de certa forma explicada sua origem. Mas Valenzetti também os tirou de algum lugar, certo? E a gente ainda não sabe de onde... Essa, sim, seria uma explicação bem-vinda, e nem assim ela resolveria todos os outros mistérios (como o principal, proposto acima). Mas dizer que o significado "foi revelado" é simplista demais - pra não dizer apelativo e sensacionalista!

Duas outras questões importantes, agora mais relacionadas ao vídeo como um todo: a equação, prevista apenas como teoria (qualquer tentativa de pôr à prova destruiria o mundo se ela fosse verdadeira...), funciona mesmo e é garantida de não ter falhas que inviliabizariam toda a iniciativa? E, segundo já propus na análise do capítulo final, megalomania e salvamento do mundo andam de mãos dadas com a loucura. Será que a Fundação, a Iniciativa ou as atitudes desse pessoal não são todas frutos de pura insanidade? Tem de haver algum motivo para Rachel Blake querer tanto desmascarar a Fundação... Pode ser até que a louca seja ela!

Não gosto de elaborar teorias, só possíveis explicações parciais tendo por base as evidências. Sendo assim, vamos a um momento de clara especulação conseqüente: pode ser que Valenzetti tenha escolhido esses números por razões científicas complexas e desinteressantes para nós, apenas isso. Simplesmente vieram da lógica das coisas como ele as conduziu. A ocorrência dos mesmos números nas vidas de todo mundo ali e o fato de resultarem na soma de 108 poderiam ser um tipo de meta-referência. O que quero dizer é que um ou mais escritores de Lost pode ser adepto ou simpatizante do budismo (aparentemente, eles são mesmo), por exemplo, e tenha plantado esses números pela série simplesmente para "provar" que não existem acasos, criando ligações entre essas pessoas.

This picture is hosted by ImageShackOu seja, o budismo assim seria mesmo "a verdade", o "caminho correto", e seus princípios realmente governam nossa vida sem que nem mesmo percebamos. Lembremos da insistência da série em mostrar o papel da fé (e das "fés diferentes" de Locke, Charlie, Sayid, Eko, Rose, os coreanos...), assim como a tentativa constante de mostrar fé e ciência como aspectos de um mesmo mundo. Enzo Valenzetti não teria estabelecido seus fatores por sorte ou por mera conclusão científica, e sim porque seriam "números-base da criação" ou qualquer coisa assim. Ou seja, os números teriam, sim, um "significado", mas nada assim tão palpável. Dentro da série, eles só valeriam para a equação. Nos flashbacks, a aparição das dezenas seria nada menos que conseqüência do simples funcionamento normal do mundo e uma sutil presença de Vishnu, ou outra divindade, na vida daquelas pessoas que estavam "amarradas" por essas ocorrências. Elas teriam um destino a cumprir juntas, um carma a ser cumprido. Se fosse outra cadeia de números também com soma 108, talvez outro grupo inteiramente diferente de pessoas estivesse ali, participando daquele experimento originado por homens, e não por deuses.

Eu mesmo vejo isso como possibilidade distante, mas ainda assim como uma possibilidade que não é disparatada.

***

Agora, diretamente da Lostpedia, a transcrição completíssima do "vídeo dentro do vídeo". Vai em inglês, pra cada um tirar suas próprias traduções e conclusões. Aprecie sem moderação!

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Alvar Hanso: I'm Alvar Hanso. If you are watching this film, you already know and have worked with Gerald and Karen DeGroot, founders and masterminds of the Dharma Initiative. By now, you also know there are many research goals for our joint venture. What you may not know is why we have assembled the Dharma Initiative; why we have assembled the greatest minds in the world and given them unlimited funds and access.

As with all you've already been told, you are bound by your honor and commitment to keep what you are about to hear a secret. In a few weeks, after your induction counseling and survival training, you and your colleagues will be shipped to a top secret facility. The precise location of the facility is known only to myself, the DeGroots, and the few high ranking members of my organization. Why all the security, all the secrecy? The answer is simple. The research is intended to do nothing less than save the world as we know it.

This picture is hosted by ImageShackIn 1962, only thirteen years ago, the world came to the brink of nuclear war. The United States and the Soviet Union almost fulfilled the promise of mutual assured destruction - a promise they continue to foster through a destructive Cold War. After the Cuban Missile Crisis, both nations decided to find a solution. The result, was the Valenzetti Equation.

Commissioned under the highest secrecy, through the U.N. Security Council, the equation is the brainchild of the Italian mathematician Enzo Valenzetti. It predicts the exact number of years and months until humanity extinguishes itself. Whether through nuclear fire, chemical and biological warfare, conventional warfare, pandemic, over-population, his results are chilling, and attention must be paid.

Valenzetti gave numerical values to the core environmental and human factors in his equation: 4, 8, 15, 16, 23 and 42. Only by manipulating the environment, by finding scientific solutions to our problems, we will be able to change those core factors, and give humanity a chance to survive.

Although the equation has been buried by those who commissioned it,
[muito ruído, sem imagem] panic. It has always been my belief that we ignore warnings at our own peril; and thus, the Dharma Initiative was born.

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DHARMA is an acronym for Department of Heuristics And Research on Material Applications. It also stands for the one true way. And through your research, you will help human[ity.] We have constructed several stations on the island, underground laboratories with the facilities you will need to do your research, with optimal expediency. All of the support you will need, including regular medicine and food drops, will be made in perpetuity. A radio transmitter has also been erected on the island, broadcasting in a frequency and encryption known only to us. The transmitter will only broadcast the core numerical values of the Valenzetti Equation.

When, through your research, you manage to change the numerical value of any one of these factors; when you have created through science the
[áudio ruim], we will know that the one true way has been found. That is the work to which you have committed yourself. Change the core values of the Valenzetti Equation, and you will change the course of destiny. The fate of the human race is in your hands.

Thank you, and namaste.

This picture is hosted by ImageShackMittelwerk: You all know what happened. The DHARMA Initiative failed. And, in spite of every effort of the Foundation, we are gripped by the tyranny of those six numbers. We have tried to change those values by manipulating the environment in many, many ways. We have done our level best, and yet this inscrutable equation keeps bringing us back to the numbers.

So now, we have to take radical action, and I just want to tell all of you that I trust you to do what is best. The villages of Filan (?) and Vitul-Milani (?) have allowed us to test our vaccine on them.

They think they are infected with a virus carried by local macaques, and they believe we are bringing them the cure. So when you go in, you have to keep up the story. You know it by heart, don't waver.

When the deaths begin, you must comfort everyone with compassion and empathy, and the bodies of the dead must be brought to this station immediately for full genetic work. We must make absolute certain that we are hitting precise genetic targets we have engineered into the virus.

The optimal mortality rate is 30 percent. Our operatives at the Vik Institute have verified this figure - [if] more or less people succumb, we have failed. We need not take any more lives than is absolutely necessary. Yes?

Man in Audience: But Tom, these are people, innocent human beings, and we're just-

This picture is hosted by ImageShackMittelwerk: If you knew, with mathematical certainty, that you could end all famine, war and poverty, what would you do? Exactly. You'd find the best way to get it done. Precisely. Surgically. Without allowing for any more suffering than is absolutely necessary. It is not fair that innocents have to die so that we can perfect this virus.

But I promise you. Someone is going to help... [Interrompe] Is something reflecting in the back? Somebody grab her!


***

Como curiosidade para o fã da série, vai essa matéria publicada há uns dias na Folha online.

Santoro anima figurante brasileira da série Lost
(texto original)
Laura Mattos - Folha de S.Paulo

This picture is hosted by ImageShackMarjorie Mariano, 42, corre de um lado para o outro na praia mais famosa da TV. Ela já apareceu ao lado dos protagonistas da badalada série
Lost, em primeiro plano na tela, mas nunca conseguiu uma fala.

Figurante desde a primeira temporada, a brasileira está animada com a entrada de Rodrigo Santoro na terceira temporada, que estréia em 4 de outubro nos Estados Unidos.

Acredita que o ator possa fazer parte de um núcleo de sobreviventes do Brasil e que ela e outra figurante brasileira, Márcia Ardito, possam ter falas, o que aumenta o prestígio e o salário. Paulistana radicada no Havaí há mais de dez anos, ela é surfista e tem encontrado Santoro pegando onda. "
Já conversamos. Ele até brincou comigo: "Você que é a famosa!" Falei com ele a respeito dessa possibilidade de os produtores criarem um núcleo que fale português. Mas ele também não sabe bem o que acontecerá. A produção não revela muita coisa."

Santoro será um dos sobreviventes do acidente aéreo e já gravou suas primeiras cenas na praia. Mariano acredita que ele entrará no ar já na estréia da temporada, e não na segunda leva de capítulos, que será exibida só em fevereiro de 2007, nos EUA (no Brasil, há um atraso médio de seis meses para o AXN e de um ano na Globo).

A assessoria do ator não confirma a data de sua estréia, mas informa que as primeiras falas foram em inglês. Isso não desanima Mariano, que não duvida que ele possa se revelar brasileiro ao longo dos episódios. "
Nessa história, tudo pode acontecer. Se eles chamaram Santoro, é porque têm interesse em atrair a audiência brasileira. O vôo é internacional e há pessoas que falam coreano. Por que não brasileiros?", sonha.

***

This picture is hosted by ImageShackParece óbvio dizer que Lost, no fim, vá ser aquele tipo de coisa "sexto sentido", que exige nova olhada do começo ao fim pra gente "ter certeza mesmo". Afinal, "as Karen DeGroot herself has written, 'Careful observation is the only key to true and complete awareness'" (Dr. Mark Wickmund, Pearl Orientation video).

Mas é bom ressaltar isso assim mesmo, pelo fato de que a maioria está preocupada mesmo é com o mistério geral da série, e não necessariamente com o andar da carruagem, o caminho que ela faz, os tropeços, as dicas que nem se sabe que são dicas. É provável, então, que esse andar só vá ser devidamente percebido no final.

Alguns exemplos mais gritantes da importância desse caminho podem ser apontados, se prestarmos mais atenção a algumas falas que passaram despercebidas e a alguns incidentes a que não demos valor antes. Os mais sutis, claro, eu também não tenho como perceber ainda, como todo mundo. Podemos até tentar procurar alguma outra coisa numa cena, numa fala e tal, com a consciência do que estamos fazendo. Mas nunca se sabe exatamente o que procurar...

Um desses exemplos eu posso ter mencionado num Lostícias anterior: você ainda vai dar mais atenção ao Vincent! Quem sabe há outras que andam passando meio batidas pro público em geral (não pros fanáticos doidos que sabem o nome do iluminador de cada episódio):

This picture is hosted by ImageShack- Momentos de contraposição quase subliminar entre questões de racionalismo e questões de fé: medicina, psicologia, experiências científicas, computador controlando "o mundo", dharma, Locke, Eko, Charlie, Sayid, namaste, médiuns nos flashbacks, o monstro (científico ou mitológico?) da ilha, magnetismo versus curas milagrosas, equação Valenzetti, a extrema devoção do falso Henry Gale a uma causa (se ele é um líder provavelmente ligado à Hanso, haja fé para ser torturado daquele tanto e não abrir a boca!), Walt conversando com o pai dentro do computador e mais um tanto...

- Os porquês de muitas contradições aparentes entre o comportamento na ilha e aquele nos flashbacks, como o fato de Locke ser um cara tão fechado e, ao mesmo tempo, tentar conquistar seu pai com um rim; ou Sayid ser um camarada tão amável, mas também um torturador. Kate é uma "criminosa boazinha", Claire não queria ser mãe, mas muda radicalmente de idéia; Sawyer é um vagabundo golpista que adora literatura; Jin não podia engravidar Sun, mas acredita que o filho é dele assim mesmo e por aí vai.

This picture is hosted by ImageShack- O embate entre peças negras (escuridão) e brancas (luz), representado pelo gamão. Outras evidências de dualidade, na maioria representadas por claro versus escuro, já apareceram aos montes. Num futuro próximo, quem sabe se até mesmo o monstro-fumaça-preta pode ser contraposto ao clarão branco no céu do último capítulo da segunda temporada...

- Ninguém enlouquece de vontade de voltar pra casa, a não ser o Bernard, que acaba também achando razão para querer ficar na ilha. E também ninguém enlouquece com o fato de já ter havido gente por ali tempo suficiente para montar a estrutura toda das escotilhas, explorar militarmente (ou de modo similar) a região, continuar enviando carregamento de comida (para quem seria, se as escotilhas estão desocupadas?) ou pela simples falta de sentido das ilusões e acontecimentos bizarros da ilha. Eu, no lugar deles, já teria pirado e escrito um tratado filosófico absolutamente inútil a respeito de tudo o que tem de esquisito por ali e o sentido da vida.

Existe ainda aquela coisa de muita gente ter sido presa ou afastada da sociedade em algum momento, como eu mencionei na coluna anterior. Também temos as implicações com filósofos, possíveis ocorrências muito disfarçadas dos números (aliás, quais serão pertinentes e quais não serão) e demais estranhezas. Sem falar em "Não me diga o que eu não posso fazer!", mas vou deixar essa pra depois.

***

This picture is hosted by ImageShackAgora, as últimas do jogo - que, no fim das contas, é a única "coisa-Lost" em pleno funcionamento até a reestréia da série na TV, em outubro, nos EUA.

Vai haver uma nova transmissão ao vivo com o DJ Dan no dia 22 de setembro (mudou para 24 de setembro logo depois da publicação deste texto). Claro que muitas dicas ocultas são esperadas, como aconteceu na primeira transmissão ao vivo. Aliás, é daquela transmissão que vêm grandes novidades de Lost Experience.

Antes mesmo que o vídeo "Hanso Exposed" (acima) fosse totalmente montado pelos jogadores, uma nova fase do jogo já começava sem que a maioria percebesse. No primeiro "live podcast" do DJ Dan, um ouvinte ligou e se identificou como Malik, alguém que os fanáticos lá de fora reconheceram. Pois a nova fase do jogo começou justamente na mensagem que Malik deixou para Rachel naquele dia. A obsessão agora é descobrir e decifrar as mensagens altamente embaralhadas que Rachel e Malik vêm trocando entre eles, por meio de fóruns e sites.

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Já se descobriu, por exemplo, que, no fim do vídeo, quando Rachel é perseguida dentro das instalações da Hanso, ela acabou sendo salva por um amigo de Malik, chamado de Zylva (como se fosse "da Silva"). Ele entrou armado, conseguiu que Rachel enviasse o vídeo lá de dentro mesmo, instruiu Blake sobre uma outra pessoa que poderia ajudá-la a sair do Sri Lanka e indicou uma rota de fuga para a moça, enquanto ele faria cobertura. Segundo disse Rachel recentemente, de Zylva nunca mais foi visto e ela acredita que ele tenha morrido pelas mãos de Mittelwerk.

This picture is hosted by ImageShackSó que... Rachel Blake não sabe ao certo se esse Malik é realmente a pessoa que ela conhece (pelo nome verdadeiro) e só acreditou na ajuda dele até agora porque isso foi útil. Nas mais recentes cartadas do jogo, ela diz claramente "você pode até ser Mittelwerk, me levando a uma armadilha", e exige alguma confirmação de que ele é mesmo quem ela acha que seja. Malik confirmou, mas, como só os dois conheciam as palavras que ele usou, nem adianta a gente tentar entender o que ele quis dizer...

Rachel Blake revela então que está atualmente em Nova Iorque, Malik combinou de encontrá-la (tudo em códigos que só eles conhecem), e o jogo vai seguir a partir daí.

sábado, setembro 16, 2006

Um tocador de qualquer coisa

Conforme eu tinha adiantado pro James, do Alto-Falante (tá lá no blog da redação em algum canto, há coisa de um mês), tudo indica que uma das bandas mais fracas da infeliz cena nacional atual vai mesmo fechar com a Microsoft. Veja no destaque abaixo a primeira foto oficial da interface definitiva do Zune, o tocador de mídia portátil da M$ (post anterior deste site):

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Ainda não é certo porque não há declaração oficial, mas, dentre as faixas que vão vir no Zune como "presente" de fábrica, pelo menos uma deve sair mesmo do fraquíssimo CD de estréia dessa coisa chamada Cansei de Ser Sexy - ou CSS, pra quem for de CSS.

Cesar Menendez, um dos desenvolvedores do aparelhinho, não é lá muito exigente e aparentemente ficou fã da banda brasileira. Mas a inclusão, creio eu, deve ter acontecido muito mais por algum acordo de distribuição do que por indicações pessoais, certo?

No primeiro vídeo de divulgação do Zune, no site do Menendez, a tela de abertura traz justamente o CSS.

quarta-feira, setembro 13, 2006

Novas e velhas do R.E.M.

This picture is hosted by ImageShackDe férias desde o lançamento de Around The Sun, o R.E.M. anunciou recentemente que retoma suas atividades no estúdio agora no fim de 2006 para a gravação de um novo álbum em 2007. A preparação do terreno se dá com o lançamento múltiplo de mais uma coletânea da banda em diversos formatos - o que, acredito, deveria mais preocupar do que animar o fã aguerrido da banda.

This picture is hosted by ImageShackO lançamento de muitos CDs ao vivo ou de coletâneas em excesso - redundantes por natureza - costumam ser sinais de cansaço do artista, que quer viver da reedição de seu trabalho ao invés de produzir novidade. Por um lado, apesar de ser uma das bandas mais "andarilhas" durante toda a sua carreira, o R.E.M. até hoje nunca lançou um CD oficial que fosse inteiro ao vivo, apenas lados B e inclusões eventuais em coletâneas. Enquanto isso, os fãs podem contar com literalmente algumas centenas de bootlegs, que são inclusive vistos com bons olhos pelos integrantes (corre que Peter Buck até os coleciona). É uma pena, já que muitas apresentações foram memoráveis na íntegra e muitas músicas da banda sofrem alterações significativas e bastante positivas durante as apresentações.

This picture is hosted by ImageShackO outro lado é mais "preocupante" - nem chega a tanto, mas também não é sinal de coisa boa. Dependendo de como se conta, já somamos sete compilações do R.E.M., de naturezas distintas: Dead Letter Office (sobras e lados B da IRS, 1987), Eponymous (exatamente como a atual, uma coletânea dos tempos IRS, de 1988), The Best of R.E.M. (idem, mas com lançamento mais localizado, 1991), Singles Collected (apenas singles e apenas na Europa, 1994; mas qual a diferença entre um "best of" e uma coleção de singles que já representam o melhor de cada álbum??), In the Attic (de 1997; mais uma coleção de raridades da IRS, repetindo Dead Letter Office) e In Time (uma coletânea da era Warner entre 1988-2003, lançada em 2003).

This picture is hosted by ImageShackEssa novidade agora em 2006 é justamente a sétima da lista. O lançamento pode ser considerado triplo, na forma de dois CDs e um DVD. Todo o material reflete a primeira fase da carreira da banda, ainda na gravadora IRS. Não espere encontrar, portanto, Losing My Religion, Everybody Hurts ou What's The Frequency Kenneth?.

O CD And I Feel Fine... The Best of the I.R.S. Years, 1982-1987 está sendo lançado nas versões simples e dupla. A primeira é apenas uma coletânea propriamente dita, e realmente reúne clássicos indiscutíveis; na versão com dois discos, o bônus é uma coleção de assim chamadas "raridades" que a banda juntou sem muito esforço (demos, sobras inéditas, remixes e demais versões diferentes de clássicos da banda, no geral). No Brasil, só Deus sabe qual será lançada...

O DVD, disponível à parte, se chama When The Light Is Mine: The Best Of the I.R.S. Years 1982-1987 Video Collection. Além de alguns videoclipes, traz também faixas ao vivo bem escolhidas, um mini-documentário de 20 minutos (Left of Reckoning, de James Herbert), trechos de entrevistas com a banda e algumas versões acústicas nos extras.

A lista completa de material é a seguinte:

And I Feel Fine (CD único ou CD1 da versão dupla)

This picture is hosted by ImageShack01. Begin the Begin
02. Radio Free Europe
03. Pretty Persuasion
04. Talk About the Passion
05. (Don't Go Back To) Rockville
06. Sitting Still
07. Gardening at Night
08. 7 Chinese Bros.
09. So. Central Rain (I'm Sorry)
10. Driver 8
11. Can't Get There From Here
12. Finest Worksong
13. Feeling Gravity's Pull
14. I Believe
15. Life and How To Live It
16. Cuyahoga
17. The One I Love
18. Welcome To the Occupation
19. Fall On Me
20. Perfect Circle
21. It's the End of the World AWKI (AIFF)


And I Feel Fine - bonus CD (apenas na versão dupla)

01. Pilgrimage (escolha pessoal de Mike Mills)
02. These Days (escolha pessoal de Bill Berry)
03. Gardening at Night (demo, versão lenta)
04. Radio Free Europe (Hib-tone version)
05. Sitting Still (Hib-tone version)
06. Life and How to Live It (ao vivo em Utrecht, Holanda, 1987)
07. Ages of You (ao vivo no Paradise, Boston 7/13/83)
08. We Walk (ao vivo no Paradise, Boston 7/13/83)
09. 1,000,000 (ao vivo no Paradise, Boston 7/13/83)
10. Finest Worksong (other mix)
11. Hyena (demo)
12. Theme From Two Steps Onward (demo)
13. Superman
14. All the Right Friends (primeira versão)
15. Mystery to Me (demo)
16. Just A Touch (ao vivo em estúdio)
17. Bad Day (demo, sobra de estúdio)
18. King of Birds (última faixa a ser cortada da coletânea)
19. Swan Swan H (acústica, do filme Athens, GA - Inside/Out)
20. Disturbance at the Heron House (escolha pessoal de Peter Buck)
21. Time After Time (Annelise) (escolha pessoal de Michael Stipe)


When The Light Is Mine (DVD)

This picture is hosted by ImageShack01. Wolves, Lower (videoclipe)
02. Radio Free Europe (videoclipe)
03. Talk About the Passion (videoclipe)
04. Radio Free Europe (ao vivo, The Tube, 11/18/83)
05. Talk About the Passion (ao vivo, The Tube, 11/18/83)
06. So. Central Rain (I'm Sorry) (videoclipe)
07. "Left of Reckoning" (vídeo de James Herbert)
08. Pretty Persuasion (ao vivo, The Old Grey Whistle Test, 11/20/84)
09. Can't Get There From Here (videoclipe)
10. Driver 8 (videoclipe)
11. Life and How To Live It (videoclipe)
12. Feeling Gravity's Pull (videoclipe)
13. Can't Get There From Here (ao vivo, The Tube, 10/25/85)
14. Fall On Me (videoclipe)
15. Swan Swan H (excerto de Athens, GA - Inside/Out)
16. The One I Love (videoclipe)
17. It's the End of the World AWKI (AIFF) (videoclipe)
18. Finest Worksong (videoclipe)
++. DVD extras: trechos raros de entrevistas e apresentações acústicas.


Ausência notável

Não sou do tipo que reclama da música obscura que eu adoro e ficou de fora de uma coletânea qualquer - até porque sou fã incondicional de toda a carreira do R.E.M. Se alguém quer tudo, que compre tudo, ou então arrume o material de algum jeito pra montar seu próprio CD. Mas não posso deixar de apontar uma estranheza que existe aqui de verdade, e principalmente se vista da forma mais objetiva possível.

This picture is hosted by ImageShackAntes de sua estréia em Murmur, o R.E.M. lançou um EP chamado Chronic Town, com cinco faixas (reeditado depois na íntegra na coletânea Dead Letter Office). Durante toda a década de 80 e até em parte da de 90, uma dessas cinco músicas foi usada com muita freqüência ao vivo, como uma espécie de "representante" desse EP. O nome é Carnival of Sorts (Box Cars). As outras apareciam bastante também, mas essa era uma garantia nos shows durante muito tempo, e é discutivelmente o melhor momento do EP. Curiosamente, Carnival of Sorts (e também Stumble, considerada a mais fraca até pela própria banda) foi agora deixada de lado, enquanto Gardening At Night, 1,000,000 e Wolves, Lower aparecem nas novas coletâneas de uma forma ou de outra.

Difícil entender por quê, num universo de mais de 50 faixas escolhidas, deixaram essa ótima música de fora, privilegiando as outras. Na coletânea anterior de material da IRS (aquela de 1991), Carnival of Sorts não apenas foi a única faixa do EP a ser incluída como era a primeira do disco!

Reitero que, no fundo, tanto faz. É só uma discrepância a ser apontada... Vamos então ao que mais interessa ao fã: o disco-bônus da coletânea em CD, com material que a banda considerou "raro" - mas que a gente sabe que nem é tão inédito assim. A banda se declara "particularmente satisfeita com o resultado do CD de bônus, cheio de faixas ao vivo, sobras de estúdio, as preferidas de cada integrante e versões alternativas". Pelo mesmo motivo, também fazem festa para o DVD, "com seu banquete de obscuridades e os vídeos pouco assistidos daqueles tempos".

Inéditas, mas nem tanto

As quatro faixas que trazem os dizeres "escolhidas por" são as mesmas que o pessoal já conhecia dos álbuns, assim como Superman (cover de uma banda chamada The Clique) e King of Birds (apontada como "a última a ser cortada da coletânea"). Essas iam ficar de fora da coletânea principal e então encontraram essa "desculpa" de incluí-las no CD bônus. As duas assinaladas como "Hib-tone version" são um pouco mais raras em suporte físico, mas já estavam disponíveis na internet há anos em boa qualidade - além do que essa gravação de Radio Free Europe esteve na coletânea Eponymous. São versões muitíssimo antigas das duas músicas, gravadas bem antes de suas versões finais, presentes em Murmur.

This picture is hosted by ImageShackGardening At Night (demo, versão lenta) estava na vitaminada reedição do álbum Reckoning, assim como o tal "other mix" de Finest Worksong já foi lançado oficialmente pelo menos umas três vezes. Estava na caixinha In The Attic, saiu como lado B de um single e também na reedição aumentada do álbum em que está a Finest Worksong original, Document. Também na coletânea In The Attic estavam Just a Touch gravada "ao vivo no estúdio" - o aparente paradoxo significa a banda inteira no estúdio ao mesmo tempo, gravando em um take só - e Swan Swan H em versão acústica, tirada do documentário Athens, GA - Inside/Out (disponível no Brasil em DVD). As duas faixas apareceram ainda na reedição aumentada do álbum Life's Rich Pageant.

O lado B do lado B

Gravada ao vivo na Holanda, Life and How to Live It traz um discurso de Stipe antes da música propriamente dita. Parece mesmo que nunca havia sido lançada oficialmente, mas estava em bootlegs fáceis de encontrar. O mesmo vale para o show no Paradise, em Boston, de onde tiraram Ages of You, We Walk e 1,000,000. A grande vantagem da edição oficial dessas faixas é a limpeza por que passaram, sempre bem vinda em relação ao som esquisito de muitos bootlegs. O lançamento oficial é inédito, mas ainda mais interessante é considerá-las assim pela clareza do som depois da remasterização, como muitas das que veremos a seguir.

A trilha sonora do filme Vanilla Sky trouxe a versão final da ótima All The Right Friends (2001). Toca boa parte dela logo no começo do filme. Mas essa mesma faixa já tinha sido gravada em 1983, numa versão bem diferente (e, até aquele momento, também definitiva), para o disco Murmur. Nunca chegou a ser incluída no álbum oficial. É essa versão primitiva que aparece agora bem clarinha e que já rodava a internet há tempos com som em meia-bomba.

As versões demo de Hyena, Theme From Two Steps Onward e Mystery to Me também já corriam a internet em arquivos nem sempre confiáveis. O som era uma bagunça. Considerando o grau de pureza que atingiram para essa publicação, ficaram bem mais agradáveis e podem mesmo ser consideradas inéditas. É realmente bem bacana ter essas versões decentes.

This picture is hosted by ImageShackUm caso parecido, mas ainda melhor, é o de (P.S.A.) Bad Day, uma sobra das gravações de 1985-1986 para Life's Rich Pageant. O estilo e parte da letra dessa demo deram origem à famosa It's The End of The World... no disco seguinte, mas sobrou material suficiente dela para que se sustentasse como faixa própria, e o R.E.M. não se esqueceu disso por anos. A banda então gravou uma versão definitiva de Bad Day (novo nome, inclusive nesta demo ora lançada) como extra para a coletânea In Time, de 2003. A demo original também estava disponível em bootlegs por aí, com som sofrível e muitas vezes incompleta, mas passou pelo mesmo processo de limpeza mencionado antes e ficou outra coisa! Mais uma ótima aquisição, até porque a música sempre foi muito boa e ainda carrega toda essa história.

Por onde andarão...?

Muito embora sites nacionais tenham espalhado que a banda estaria "em crise" ou que Bill Berry teria voltado à formação fixa, nenhuma das duas coisas procede. O fato é não houve novidades entre o R.E.M. de um ano atrás e a situação atual da banda, e o pessoal começa a inventar coisas. A banda se declarou literalmente de férias mesmo, durante esse período.

A falta de novidades não é necessariamente algo ruim. Peter Buck, Mike Mills e Michael Stipe aproveitaram seu intervalo da banda para cuidar de suas famílias, viajar e trabalhar em atividades paralelas - Buck em suas outras bandas, Mills na produção musical e no golfe e Stipe em suas companhias de cinema e na fotografia. O trio aproveitou esse período, por exemplo, para se encontrar algumas vezes com Bill Berry e manter as notícias em dia. Só não conversam sobre badalação.

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Há pouco tempo, os quatro improvisaram algumas músicas como presente de casamento a um amigo, técnico de som da banda. Atualmente, os amigos estudam a possibilidade de gravarem juntos alguma coisa com intuito inteiramente beneficente, mas apenas isso, e sem sair de Athens. Bill Berry, "o maior fã da banda", segundo o próprio, continua oficialmente aposentado e morando feliz em sua fazenda, longe do showbiz.

A única atividade formalmente prevista como reunião dos quatro acontece no dia 16 de setembro. A formação original do R.E.M. fará um único show, com apenas três músicas (oficialmente, mas espere surpresas), por ocasião da admissão dos quatro cavalheiros no Hall of Fame do Estado da Geórgia.

This picture is hosted by ImageShackEntretanto, os presentes no 40-Watt Club (em Athens), no último dia 12 de setembro, tiveram uma grande surpresa. O show-tributo Finest Worksongs, reunindo um punhado de músicos locais para tocar clássicos do R.E.M., estava sendo realizado no local como comemoração ao lançamento das coletâneas acima e à entrada da banda no Hall of Fame. O próprio R.E.M., como era de se esperar, não constava do line-up, mas apoiou o projeto desde o começo, uma vez que a renda do festival (e do CD resultante) seria encaminhada para projetos sociais. O que não se sabia é que o trio já se encontrava na cidade para a cerimônia do fim de semana, e acabou aparecendo por lá junto ao convidado Bill Berry. Não apenas os quatro prestigiaram o tributo como também fizeram uma discreta e rara apresentação.

Depois da introdução e agradecimentos feitos por Stipe, o quarteto tocou duas músicas das antigas (Begin The Begin e So. Central Rain), desceu do palco e foi assistir às bandas que entrariam em seguida, numa grande manifestação de humildade e de cumplicidade. Buck e Mills inclusive deram uma força em mais um monte de apresentações alheias. No final, Stipe subiu ao microfone, convocou ao palco todos os músicos presentes e comandou uma extensa versão de It's The End of The World As We Know It (And I Feel Fine) com todo mundo junto. Esperamos com ansiedade o tal CD beneficente (que não vai ser lançado no Brasil, claro), nem que seja só pela internet!

De resto, o baterista contratado Bill Rieflin declarou recentemente aquilo que a gente disse lá no começo.This picture is hosted by ImageShack Ele, Ken Stringfellow, Scott McCaughey e os três membros oficiais da banda pretendem mesmo voltar ao estúdio em meados de novembro e trabalhar "muitas idéias novas" que os três integrantes regulares tiveram durante este ano sabático. A expectativa é de um CD bem mais convidativo que o ponto baixo Around The Sun - que foi um álbum apenas decente e superior à maioria da produção musical atual, mas não um discaço daqueles, à altura do velho R.E.M. que nos deixou mal-acostumados.