quarta-feira, agosto 09, 2006

O jeito certo de ver o róque

Matt Bellamy is hosted by ImageShackA declaração mais inteligente de um roqueiro que eu leio nos últimos anos:

"Bands come along every now and again to neutralise the flamboyance of rock. The Ramones, Sex Pistols, Nirvana, even the White Stripes. They take it back to basics again, but to me that's become almost the conservative way. What we are doing is kind of punk. To be flamboyant and excessive and over the top is more against the system than what most bands are doing."
(Matt Bellamy, líder do Muse, em entrevista ao Times Online)

Traduzindo: "Há bandas que surgem de tempos em tempos buscando neutralizar os floreios do rock. Os Ramones, os Sex Pistols, o Nirvana, até os White Stripes. Levam tudo de volta ao básico de novo, mas pra mim isso hoje é quase como o jeito conservador de fazer as coisas. O que nós [do Muse] estamos fazendo tem algo de punk. Hoje, ser floreado e cometer excessos [musicais] é muito mais contra o sistema do que a maioria das bandas tem feito."

Interpretando: pose de mau, rebeldia artificial, aceitação do hype, jogar sempre para o público e continuar fazendo a mesma música sem desafiar a payola - com toda certeza, é isso que significa ser conservador, hoje. Aqueles que fogem do esquema pronto, aprendem a tocar de verdade e a criar música real, sem precisar mostrar o traseiro pras rádios, são os que estão tomando atitude, questionando o que foi imposto. Assim como "direita" e "esquerda", conceitos como "música de protesto" e "do it yourself" também mudam de sentido e de lado de tempos em tempos.

Pretensos salvadores do rock, cantorinhas ecléticas com data de validade, arruaceiros com aspirações artísticas, compositores do próximo hit do verão brasileiro ou estrangeiro, bandinhas fracas com muita vontade, pouca substância e nenhum vocabulário pra se expressar, arrependei-vos! O futuro da música continuará sendo dos transgressores.