sábado, outubro 07, 2006

Lostícias 7

Primeiro, claro, vamos à aguardada reestréia de Lost na TV americana.

A grande mancha preta abaixo está carregada de spoilers (informações adiantadas que podem estragar a sua surpresa), mas não vou perder tempo fazendo resumos. Pra isso, assista ao próprio episódio (por exemplo, com esse torrent) e depois leia em inglês aqui ou em português aqui. Preferi escrever só "annotations", ou seja, comentários, conclusões e curiosidades a respeito do episódio.

Em caso de não querer estragar sua surpresa, é só saltar esse pedaço entre as duas imagens centralizadas. Se quiser ler, marque com o mouse.

This picture is hosted by ImageShack

- O mais claro: o nome do falso Henry Gale é Ben. A partir de agora, ele será só Ben - vamos falar dele com o nome dele, né? E o cara realmente é o líder daquele grupo, por alguma razão.

- Pra quem adorou a cena de abertura de "The Other 48 Days", com a cauda do avião caindo aos pedaços na água (uns 99% dos espectadores, no mínimo), a seqüência de abertura desse episódio de agora é talvez ainda mais impactante. A câmera gira, mostra o avião se partindo sobre a ilha, do ponto de vista da comunidade, e fecha nos pedaços se desprendendo. Uma cena realmente incrível.

- Não há literalmente nada no episódio sobre os outros sobreviventes que conhecemos. Nada sobre o estado de Eko, Locke ou Desmond, ou sobre as investigações paralelas de Sayid, Sun e Jin, ou sobre o destino de Michael e Walt (graças a Deus...). Também não parece haver referência alguma aos números - não dá pra ver direito, mas parece que o pager de Jack marca 7-15-22. O máximo de mistério escondido nesse tipo de coisa parecem ser algumas das respostas nas palavras-cruzadas ao lado do pager: "necessary evils", "vital statistics", "pre-natal" e... "heroes".

- O título "A Tale of Two Cities" (nome de um romance de Dickens) provavelmente se refere às "duas caras" da cidade d'Os Outros. De um lado, acredita-se que eles vivam num acampamento vagabundo e sejam selvagens; de outro, pela primeira vez, é mostrada a verdade: eles vivem numa "imitação da vida", uma perfeita cidadezinha civilizada, e o episódio começa a contar essa história (tale) direito.

- Apesar de a comunidade d'Os Outros ser apenas uma clareira incrustada no meio daquela mata da ilha, os habitantes - extremamente civilizados e em contato com o mundo real - têm eletricidade e água encanada. Se a Iniciativa Dharma não deu certo há anos, se Mittelwerk estava no poder da Fundação Hanso em 2004, se Os Outros têm dossiês completos das vidas dos sobreviventes, como aquela cidade é mantida e como trava contato com o mundo?

- O episódio começa de maneira muito parecida com o primeiro da segunda temporada, a começar do velho "olho de abertura". Uma pessoa, não-identificada até certo momento, se levanta e prepara o café, enquanto põe um disco pra tocar. Antes, era Desmond na escotilha Swan ouvindo Mama Cass Elliot; agora, é Juliet em sua casinha na comunidade ouvindo Petula Clark, e a música se chama Downtown. Aliás, em tudo quanto é canto, o nome da bonitona aparece como "Juliet" (soaria como "Djúli-a"), mas soou pra mim claramente como "Juliette" ("Djulié-t"). Detalhe besta...

This picture is hosted by ImageShack- A letra da música fala de como você pode esquecer seus problemas, encontrar companhia e mergulhar em outro mundo quando vai para o centro da cidade. Juliet, olhando no espelho, reage à palavra "downtown" com a expressão facial de quem diz "que saudade de uma cidade de verdade!", ou então "seria tão mais fácil se eu vivesse como nessa letra...". Uma curiosidade estranha: a contra-capa do CD que você vê no episódio está aí ao lado. Mas ponha o mouse sobre ela pra saber que CD é esse.

- O livro em discussão é Carrie, A Estranha, de Stephen King. O escritor é fã da série e seu nome já foi mencionado por Ben na segunda temporada. Na verdade, Ben - líder e aparentemente muito erudito - não gosta da literatura popular de King ("não usaria o livro nem pra ler no banheiro", segundo o cara chamado Adam). Se quiser conferir a capa, veja a figura no meio dessa página aqui.

- Apareceu a aguardada escotilha subaquática. O nome dela é Hydra, conforme apontavam as especulações dos fãs. Só não se sabe em que parte da ilha ela fica, mas tudo indica que foi construída como uma casamata, com saída para a parte de cima. O nome é mais uma referência à mitologia grega (Apollo, Penelope, Persephone, etc).

- Ethan e Goodwin faziam parte desse mesmo grupo mostrado no episódio, e foram designados para se infiltrar entre os possíveis sobreviventes enquanto as partes do avião ainda caíam. Duas perguntas cruciais nesse ponto: por que diabos Ben iria supôr que haveria sobreviventes num desastre aéreo horroroso daquele? Ele deve saber de tanta coisa desconhecida pra nós que é melhor nem tentarmos supôr quem ele é ou por quê ele saiba isso. E aquela comunidade está ali pra esperar justamente possíveis acidentes ou coisa assim, e manipular ilhados, náufragos ou quem mais aparecer? A pergunta procede não apenas porque a reação de Ben é fria e imediata, mas também é inexplicável a compreensão de todos a respeito do que deve ser feito.

- Nunca os indícios de condicionamento foram tão gritantes quanto neste episódio.

. Sawyer, em sua jaula (uma caixa de Skinner gigante), age como um ratinho que "aprende" a ter água e comida. Se ela não foi construída para humanos, pra quê os símbolos de garfo e faca? O carinha mais novo que o ajuda tem tudo para estar ali como parte de uma encenação, assim como nosso velho conhecido que dá uma prensa no garoto. Afinal, como o menino abriria o cadeado de Sawyer só de passar a mão em cima? E que papo é esse de "corre pra lá, que eu vou correr pra cá"?

. Enquanto isso, Jack tem de cumprir um certo ritual para conseguir sua comida e é induzido repetidamente a confiar em sua carcereira. De forma semelhante à fuga de Sawyer, a inundação do porão de Jack pareceu bem arranjada; abrir uma escotilha que estivesse submersa mesmo iria arrasar tudo ali quase instantaneamente - mas o cara está preso, acossado e com medo, e nem teria como perceber isso. Não é à tôa que os produtores anunciaram antes que a personagem de Elizabeth Mitchell e Jack teriam um envolvimento. Tudo indica que isso vá acontecer, seja arranjado ou não. Quer melhor jeito de mexer com a cabeça do cara do que fazê-lo se apaixonar, e ainda mais pelo "inimigo"?

. E Kate é deixada com mais liberdade, como diriam, "pra ver que bicho dá". Acredito que qualquer movimento em falso contra Ben seria imediatamente reprimido por dezenas de Outros escondidos ali em volta. Chegando perto, ela teve de pôr algemas, porque a coisa ficaria mais perigosa (e Kate sabe uma coisinha ou duas de como dar porrada). Depois de ser bem tratada e de agir com civilidade, ela também vai pra uma jaula... mas dotada de informação extra! Se isso não é pra confundi-la, pra que mais seria? A propósito: Ben entende um bocado de psicologia. A simples menção do nome de Sawyer antes do nome de Jack o leva a perceber a preferência de Kate. Provavelmente, ela foi parar numa jaula próxima à de Sawyer por conta disso, algo como os Caça-Fantasmas "escolherem sua própria destruição".

- O que espera os três prisioneiros (e talvez os sobreviventes restantes) nas próximas duas semanas, que prometem ser "bem desagradáveis", segundo Ben?

- Os flashbacks do episódio cabem a Jack e tratam da época de sua separação de Sarah. Sou só eu que acho isso ou realmente Sarah e Juliet se parecem bastante? Nada suficiente para presumir parentesco ou qualquer maluquice assim, e elas são interpretadas por atrizes diferentes. Mas fica parecendo que foi tudo meio que arranjado para as duas ficarem muito parecidas e causarem algum efeito na cabeça dele. E o mesmo episódio trazer justo esse flashback e a primeira aparição de Juliet não é coincidência: trata-se da transição de Jack de um amor para outro.

- Mais uma vez, toca Moonlight Serenade, como no rádio de Sayid. O maestro Glenn Miller teria supostamente morrido no desaparecimento de um avião, mas hoje já se aceita que essa história encobre uma morte real bem menos, digamos, grandiosa: drogado num prostíbulo em Paris.

- Essa eu li na internet e tive de conferir de novo no vídeo: quando Kate sai do chuveiro, já há marcas de pés no chão saindo do chuveiro e indo exatamente para o escaninho dela. O que isso significa, eu não sei.

- A enfermeira que fala com Jack sobre o paciente administrar seu próprio remédio é a mesma que atendeu John Locke quando ele doou um rim para o pai. Aliás, o paciente na cena lembra bastante Anthony Cooper, pai de Locke, mas não há crédito em lugar algum relacionando o ator Kevin Tighe ao episódio.

- Ficou mais fácil perceber como Rodrigo Santoro vai aparecer como mais um sobrevivente. Quer dizer, "mais fácil", já que a gente não sabe nada. Só que, por mais improvável que isso fosse, se eram esperados sobreviventes na parte dianteira e na parte traseira do avião, é fácil supôr que haja mais sobreviventes em outras partes e que Os Outros tenham mais um bocado de prisioneiros saídos do desastre aéreo, escondidos em outros lugares da ilha. Santoro, aliás, já é creditado como membro do elenco.

- Os Outros não parecem ser maus nem nada do gênero. Tratam os seus prisioneiros como prisioneiros, mas com bastante humanidade. Juliet diz que ela não é "a doctor" - uma médica, uma cientista, uma bióloga, tudo incluído -, mas eles agem ali como se perseguissem algo maior, como um propósito científico sem crueldade com suas "cobaias". Tiraram sangue dos três, você viu...

- Juliet não é muito fã de Ben, isso ficou bem claro. Não se sabe se ela não aceita a liderança dele, se eles tiveram algum caso, se ela não aprova alguma coisa que ele tenha feito, se ela estaria ali contra a sua vontade ou o quê. Mas ela reclama da falta de liberdade até para escolher um livro, ou seja, talvez Ben seja meio autoritário.

This picture is hosted by ImageShack- O novo namorado/marido de Sarah é alguém que valha a pena identificar? Se a vida de Jack foi toda desenhada para que ele viesse a estar na ilha (como eu acredito que aconteceu com todo mundo ali), então essa pessoa deve ser do nosso interesse, sim. Pelo pouco que dá pra ver (quando Jack está no carro, no primeiro flashback), o cara meio que lembra o Patrick Dempsey.

- Veja a galeria de fotos do episódio no site da ABC. Tem de ter Flash instalado e clicar no "Season 3", do lado esquerdo.

- Já que estamos em modo spoiler: a foto abaixo fazia parte de uma seqüência que a ABC divulgou, mas tirou do ar (tirou?). O estrado é o mesmo da Hydra onde Jack está, mas ele não apareceu nenhuma vez, ainda, deitado com uma menininha olhando pra ele!


This picture is hosted by ImageShack

***

Bom, um monte de lugares (virtuais) já anda dando como certa a estréia dessa próxima temporada em março no Brasil. O que é uma grandessíssima sacanagem!

Considerando o que eu já tinha discutido nas Lostícias, com as contas e tudo, a respeito de uma possível data de estréia, não restou dúvida: é pura e simples má vontade do canal AXN. Uma vez que você já conhece os cálculos e tudo mais, fique à vontade para escrever para o ridículo feedback do canal e reclamar de mais esse desrespeito, com razão.

***

This picture is hosted by ImageShackThis picture is hosted by ImageShackNão faço a mínima idéia de que lugar gerou essa informação, mas os dois falantes de português (não dá pra dizer "brasileiros" ou "portugueses", porque não são nenhum dos dois) trabalhando para Penelope Widmore no fim da segunda temporada já têm nomes oficiais Eles se chamam Mathias e Henrik.

Consta que são nomes comuns na Escandinávia, mas certamente não no Brasil. Pelo menos não com essa grafia. Mas, se já erraram tudo naquele português mesmo...

***

Primeiras revelações dos bastidores do jogo Lost Experience, que acabou há pouco tempo (veja a última Lostícias).

Javier Grillo-Marxuach, membro da seleta equipe de escritores da série, revelou em um fórum que ele era mesmo o DJ Dan, tanto na cara (na única foto) quanto na voz (os podcasts e demais transmissões). A imagem abaixo acompanhou o texto original. Javier está na frente com sua colega oriental, que também era vista na foto anterior.

This picture is hosted by ImageShack

Diz o homem que até maio de 2006, ele apenas fazia parte do time que criou o Lost Experience, história e desenvolvimento. Eram não apenas escritores (muitos deles, os mesmos da série), mas também representantes de marketing da ABC (o jogo foi uma grande estratégia), pessoal de empresas privadas (que inseriu dicas até nas propagandas), webdesigners e artistas virtuais, blogueiros e editores de áudio e vídeo. Depois disso, Javier cumpriu sua obrigação, mas continuou próximo a esse pessoal técnico e ao escritor Jordan Rosenberg, que ficou encarregado de tocar o projeto na prática, nos meses seguintes. Acabou sendo convocado meio por acaso para encarnar o DJ e gostou bastante da brincadeira.

No fim de sua curta mensagem, Javier revela que conhece muitas das respostas para as indagações que o jogo e a série deixaram aos fãs. Obviamente, ele não vai revelar nada bombástico, mas pretende responder pessoalmente a algumas perguntas que julgar cabíveis ao momento.

Vamos esperar pra ver o que ele solta.

***

A essas alturas, todo mundo sabe que o Rodrigo Santoro participou da festa de lançamento da terceira temporada, na praia de Waikiki. Tão aí as fotos pra provar:

This picture is hosted by ImageShack This picture is hosted by ImageShack

Se não for suficiente, tem ele muito rapidinho em vídeo também (a apresentadora não se dá ao trabalho de pronunciar o meu nosso nome). O personagem de Santoro vai se chamar Paulo e estréia no terceiro capítulo, dia 18.

Se bater vontade de ler mais, vai uma manchete na Folha e outra no Estadão.

Agora, se a fissura for muito grande mesmo e você precisar ver um vídeo da festa na praia... Emilie de Ravin (a Claire) estava inacreditável; Evangeline Lilly (a Kate) continua batendo o bolão habitual; e a novata Kiele Sanchez (Nikki) superou até as minhas expectativas de babão prévio.

***

Pra fechar, os números da estréia.

A expectativa levou a uma campanha massiva de propaganda lá fora. Na internet, todos os sites que abordam a série esperavam enlouquecidos. Mas a verdade é que a audiência do capítulo não foi das melhores não... Foram 18.8 milhões de espectadores. Pra efeito de comparação, a estréia da segunda temporada contou com 23.5 milhões.

Só que Lost foi, ainda assim, a líder em seu horário, na última quarta-feira. Isso atesta que não foi necessariamente o interesse que caiu, mas a quantidade de gente vendo TV naquele dia e naquela hora. Claro que, se não ligaram para ver a série, também não houve tanto interesse...

This picture is hosted by ImageShackNada preocupante até o momento, já que o capítulo de estréia foi espetacular e pode segurar a onda. Só que vai acontecer aquela janela de dois meses (novembro e dezembro) na exibição lá fora, e, no horário de Lost, vai entrar temporariamente uma série fuleira do incansável Taye Diggs. Se os números em janeiro forem muito, mas muito ruins mesmo, podem culpar esse cara.