sábado, outubro 07, 2006

Troféu Abacaxi Atômico

This picture is hosted by ImageShackFinalmente saiu o resultado final do Troféu Abacaxi Atômico 2006 para os piores da música brasileira em 2005. Como sempre, deve ter sido ao mesmo tempo algo muito difícil de decidir e uma escolha óbvia para qualquer que fosse o eleito.

A lista de quem "venceu" está aqui. Clique em cada (falta de) categoria para ver o grande homenageado do quesito e o pessoal gente-finíssima que concorria com ele.

É um troféu engraçado: não importa quem ganhe, a gente sempre sente que está perdendo, tamanha a fartura de lixo na nossa música "tão rica e uma das melhores do mundo", conforme diriam 12 entre 10 neo-tropicalistas recém-saídos da faculdade de comunicação, com tanto baseado na cabeça (e só isso) que um pé fica em 1967 e outro em Ursa Maior.

Os resultados deste ano foram semelhantes a anteriores, mas o site perdeu muita força nos últimos meses. Hoje, o pessoal (ainda existe um "pessoal"?), que é daqui de BH, está meio avacalhado demais não apenas com o troféu, mas com o Abacaxi todo. Não respondem mais aos emails, não enviam mais a newsletter, mantêm a página de votação no ar mesmo depois que ela já foi encerrada... Uma pena essa decadência da própria "premiação", porque candidatos não faltariam. Tanto Simone quanto Ana Carolina, por exemplo, destruíram completamente qualquer prazer que existia em ouvir uma das músicas mais bonitas dos últimos tempos (The Blower's Daughter, do Damien Rice) e deveriam levar uma espécie de voto conjunto. E "visual", no Brasil, nunca passa de visual mesmo, nada a ver com alguma possível realidade ou "atitude" do "artista" em questão - vide os CSSs da vida, enganando estrangeiro.

Enquanto isso, nada de Belo Horizonte produzir algo mais animador que os milhares de covers dos Ramones e "dulédi" (*) que existem hoje na cidade...

Se deixassem o troféu virar uma instituição, a gente ainda riria muito. Imagine os descendentes dos Brown - Carlinhos e Charlie, o Júnior - escrevendo pessoalmente ao Abacaxi e exigindo cerimônia para uma presença-protesto, como numa Golden Raspberry brasileiríssima, com os discursos caetânicos subseqüentes:

This picture is hosted by ImageShack"Minha gente, a beleza inescrutável de um abacaxi em seu mistério pleno de fuloritude prestar-se-á jamais aos que se iludem pela incorreta versão do antropofagismo apregoado. Viva os Andrades! Viva Tarsila! Viva o abacaxi, esse abençoado logotipo da brasilidade evidente e ao mesmo tempo latente em cada silvícola de conforto urbano, amiúde em seu exercício da sapiexistência baiana universal. Viva a coroa que nasce em nossas matas papagaio-imaturo, ela há de coroar os insensatos tomados de pejoratividade. O orgulho de merecer esse fruto da natureza sã da terra que te pariu é o supremo agrado do nativo que canta o chão e a beleza que dele retorce com graça por pai Nanã. Se acautelem os esculachopatas, os rebentos da revolução pintada de luto em vão, adoradores de bezerros tomados das Minas rumo ao imperialismo de outrora que ora se re-manifesta sem manifesto..."

(se ninguém der um tiro, a tendência é continuar...)

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(*) "dulédi": apelido do Led Zeppelin entre mineiros cabeçudos metidos a doidões-discípulos-de-Raul-Seixas. Ex: "Nó, véi, doido o bluzim dulédi".